Estivemos à conversa com Alexandra Santos, Workplace Strategist. Falámos sobre o “People Experience” e o (elevado) impacto que este tem nos espaços de trabalho, não só em termos de bem-estar como na produtividade dos colaboradores.

 

Qual diria que é o vosso impacto no dia-a-dia dos colaboradores de uma empresa?

O tema da gestão de pessoas está na moda. Diariamente, através das redes sociais e outros meios de comunicação, este tema ganha dimensão nos vários artigos de RH. Motivação, compromisso, sentido de comunidade são certamente os desafios que impactam positivamente nas organizações.

Considerasse que a cultura organizacional é, de todos fatores relacionados com a dinâmica empresarial, o mais abrangente porque integra uma estratégia holística, com efeitos práticos no dia-a-dia da empresa e no serviço que prestam aos clientes.

Uma definição clara da identidade, valores, experiência dos colaboradores e regras de uma Organização associada a um plano de Comunicação interna assertivo, simples e eficaz, têm efeitos a longo prazo na produtividade e bem-estar.

Quando se vive uma cultura organizacional plena, o impacto é muito positivo.

 

Qual é a importância de um espaço de trabalho adequado proporcionando bem-estar e desempenho do ocupante?

O espaço de trabalho é o cenário da identidade corporativa. Importa referir que existe uma diferença entre espaço de trabalho e “ambiente de trabalho”. Por vezes, são tratados da mesma forma.

O espaço é meramente físico. A forma como é manipulado proporciona vários “ambientes de trabalho”, adequados às diferentes formas de trabalhar, ao modelo de negócio e à cultura da Organização. Por isso, este conceito integra ações, mudança de um coletivo, processos e tecnologia, num determinado tempo e com um propósito.

Se projetarmos um determinado espaço com a identificação clara dos requisitos funcionais com base em critérios de conforto e flexibilidade, certamente iremos ter ambientes que estimulam a produtividade, o envolvimento e consequentemente o bem-estar físico e psicológico de todos os colaboradores.

Atualmente, as solicitações a que somos desafiados para dar resposta (rápida e eficiente!) ao nosso trabalho, exigem diferentes ações como: focar, sociabilizar, aprender e colaborar. Vivemos diversas experiências, diferentes ações que implicam diferentes ambientes de trabalho, com condições físicas diferentes.

 

Sente que existe uma preocupação por parte de quem gere as empresas para que haja um espaço de trabalho que potencia os seus colaboradores?

Cada vez mais, o espaço de trabalho é um fator preponderante numa Organização. Os gestores estão mais atentos e procuram, no mercado, a flexibilidade de sistemas integrados, tecnologicamente eficientes e que acrescentam valor ao negócio.

Interessa referir que, também emerge uma preocupação no planeamento estratégico, com vista a uma intervenção integrada e eficiente na manutenção e uso dos espaços. Um espaço flexível permite a adequação aos vários ocupantes, com requisitos diferenciados.

 

Como é que um Facility Manager pode melhorar o espaço de trabalho? Que dicas ou sugestões lhe daria?

Um Facility manager é um gestor que tem como objetivo a coordenação de espaços, infraestruturas e recursos das organizações. Portanto, na sequência da questão anterior, deve focar-se no planeamento. Um FM deve reunir uma equipa multidisciplinar com valências integradas nas várias áreas de atuação. “Identificar e medir para melhorar” esta deve ser a premissa para o desempenho dos espaços de trabalho*.

Existem metodologias de diagnóstico – Avaliação espaço-funcional pré-projeto e pós ocupação (post occupancy evaluation), que identificam claramente os constrangimentos e oportunidades de um determinado espaço/ ou edifício. A participação ativa da organização é fundamental para analisar o grau de satisfação das atuais condições físicas de trabalho e que sugestões gostariam de ver implementadas para que sejam correspondidas as suas necessidades. É claramente decifrar o ADN da organização.

Esta proximidade têm um impacto colateral no projeto porque valoriza as condições de trabalho e aumenta significativamente o compromisso e bem-estar geral.

Aqui, considera-se espaços de trabalho, todos os espaços principais, secundários e de suporte para o funcionamento da organização (ou organizações).

 

Como vê o impacto da revolução tecnológica nos espaços de trabalho?

Muito positivo. Revoluciona a economia, o mercado de trabalho e a forma como lidamos com o mundo digital. O conhecimento tem sempre uma fase de adaptação. Essa mudança deve ser integrada e sustentável. O desafio é tirar partido dessa transformação.