A segurança no local de trabalho é mais do que uma simples imposição legal. É uma garantia de qualidade e de maior valor para o empregador e para o próprio funcionário, algo cada vez mais valorizado no atual mercado de trabalho.

O empregador deve promover a segurança e a saúde dos trabalhadores para evitar a ocorrência de acidentes de trabalho e o surgimento de doenças      profissionais. É, portanto responsável pela segurança no trabalho na sua empresa e deverá garantir uma gestão preventiva para reduzir os riscos associados à atividade e às instalações.

Numa altura em que a gestão de orçamentos é cada vez mais desafiante e a constante redução dos custos é uma obrigatoriedade, este tópico da segurança é muitas vezes colocado em segundo plano e rodeado de medidas low cost que cumprem apenas os requisitos mais básicos de uma forma muitas vezes desleixada. O problema deste tipo de abordagem pouco cuidada é que as consequências podem revelar-se desastrosas e extremamente onerosas. Apesar de este custo nem sempre ser fácil de apurar, a verdade é que para além das consequências de saúde temporárias ou permanentes para o funcionário, a empresa é também penalizada ao nível do absentismo gerado, do decréscimo da capacidade produtiva, entre outros.

O primeiro passo para uma política de segurança no trabalho eficaz envolve uma avaliação dos riscos que identifique as medidas de prevenção necessárias e devidamente adequadas a cada atividade. Esta avaliação deve ser feita regularmente e contemplar variáveis como os danos nas ferramentas de trabalho, no espaço ou edifício, entre outros pormenores, e deverá concentrar-se nos riscos reais e de maior impacto/dano. Uma empresa que trabalha há 30 anos no mercado não pode gerir a sua segurança com base em medidas implementadas no início de atividade.

Depois de uma avaliação é necessária uma gestão do risco e do cumprimento de todas as medidas e políticas de segurança. Esta fiscalização é essencial para garantir a eficácia das medidas de controlo implementadas, e para avaliar permanentemente a necessidade de adoção de outras medidas mais adequadas.

Este é um trabalho exclusivo do empregador? Não. O envolvimento do trabalhador é obrigatório. Ele é o elemento ativo que trabalha diariamente no espaço protegido e com as ferramentas de trabalho disponíveis. O seu contributo na identificação de possíveis vulnerabilidades, incumprimentos e de alterações no local é vital para a eficácia das políticas de segurança.

Outro ponto importantíssimo é a formação. De nada servem ter as melhores políticas de segurança implementadas se os funcionários desconhecem as regras e os potenciais perigos que envolvem a sua atividade. O empregador deverá garantir a formação de todos os funcionários (permanentes e temporários) face aos riscos que a sua profissão envolve, aos procedimentos de segurança, às boas práticas e às medidas que devem ser tomadas em caso de emergência, e à legislação em vigor. Esta formação deverá ser reforçada pontualmente.

A segurança no local de trabalho está ainda ligada a uma política de saúde rígida, algo especialmente importante em atividades mais críticas e perigosas. O empregador deve garantir que, antes de iniciarem as suas funções, todos os trabalhadores sejam submetidos a exames de saúde que atestem que estão física e mentalmente aptos para desempenhar as tarefas inerentes à atividade que vão realizar, tendo sempre em conta os riscos profissionais associados. Um problema de saúde não acautelado pode comprometer a segurança de toda a equipa de trabalho.

Parte dos acidentes de trabalho podem ser evitados através de inspeções periódicas que identifiquem a analisem potenciais vulnerabilidade e falhas ao nível da segurança no local de trabalho. Isto é algo válido para atividades que lidam com materiais perigosos, que envolvem perigos físicos, ou para edifícios de escritórios. A segurança não é um problema exclusivo de empresas com atividades mais perigosas. Uma empresa administrativa deve inspecionar os sistemas de ventilação e elétrico, os espaços de armazenamento, e as ferramentas de trabalho diárias dos seus funcionários, desde o PC à cadeira do escritório. Deve ainda garantir a integridade, resistência, estabilidade e o bom estado de conservação de todo o ambiente envolvente. Distensões, entorses, lesões musculoesqueléticas dos membros inferiores e superiores ou da coluna vertebral são problemas comuns de quem trabalha todos os dias sentado numa secretária, num ambiente tipicamente considerado seguro. A promoção de rotinas de inspeção e de manutenção periódicas e a avaliação periódica dos riscos profissionais contribui significativamente para uma redução dos incidentes.

A sinalização é uma componente obrigatória da segurança no trabalho, mas contempla apenas algumas áreas como as saídas, os quadros elétricos, extintores, WC, entre outras coisas. As empresas devem, porém, estender a sinalização a áreas que, apesar de não serem de sinalização obrigatória, podem comprometer a segurança como é o caso de desníveis e irregularidades nos pavimentos, obstáculos à circulação, tetos rebaixados e superfícies envidraçadas. Quando utilizada de forma adequada, a sinalização de segurança pode ser determinante na prevenção de acidentes de trabalho, ao chamar a atenção de forma rápida e inequívoca para as situações que comportem riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores.

Uma empresa que adote uma atuação preventiva irá conseguir promover a segurança e a saúde no trabalho, reduzir o número de acidentes de trabalho, de doenças profissionais e o absentismo e aumentar a sua produtividade.

O Facility Managment (FM) não deve ser visto como uma área de importância secundária. A norma EN 15221 define o FM como a “Integração de processos numa organização com o objetivo de manter e desenvolver os serviços acordados que dão suporte e melhoram a eficácia das suas atividades principais”.

 

By Miguel Agostinho